Com a nova estrutura inaugurada oficialmente em julho de 2020, o Hospital Bom Pastor de Ijuí se qualificou para ampliar seus atendimentos. Na antiga estrutura o hospital contava com 42 leitos clínicos, e passou para 114 vagas no novo prédio. O aumento da demanda por atendimentos de pacientes com a Covid-19 também transformou a realidade do hospital. A necessidade de abertura de novos leitos de UTI fez com que o Bom Pastor se qualificasse para receber a estrutura, que atualmente atende pacientes Covid de todo o Estado. Em entrevista à RPI nesta quinta-feira, o presidente do Bom Pastor, Martinho Kelm, revelou que o investimento para receber os atuais 10 leitos de UTI foi significativo.
“Investimos um total de R$ 1,6 milhão para estruturar a UTI. Tínhamos um cronograma de que essa habilitação ocorresse só no fim de 2021 e tivemos que antecipar o processo, com a compra de respiradores, hoje temos 11 aparelhos, além de desfibriladores e equipamentos de hemodiálise para pacientes Covid que desenvolvem problemas renais. Então foi um investimento muito grande”, aponta Kelm.
São R$ 600 mil por mês gastos com a manutenção de equipes e insumos para tratar pacientes com a fase grave da Covid-19. Toda esta qualificação tem dado resultado. O índice de óbitos de pacientes tratados na UTI do Hospital é três vezes menor em comparação com dados do Estado. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, no mês de fevereiro 75% dos pacientes que necessitaram de internação em UTI, devido ao Coronavírus, acabaram morrendo por complicações da doença no rio Grande do Sul. Na Unidade de Terapia Intensiva do Bom Pastor, porém, esse índice é de 27%. Desde o dia 21 de dezembro, quando a UTI foi inaugurada, houve 48 internações com 13 óbitos. Lamentando os falecimentos mas reconhecendo o trabalho qualificado das equipes, o presidente do Hospital, Martinho Kelm, afirma que o planejamento é manter a estrutura de leitos após a pandemia do Coronavírus.
“Nosso projeto, até pela experiência que estamos adquirindo e pelos investimentos vultosos que fizemos na organização da UTI, a ideia e a luta que teremos é para que, passado esse momento de pandemia, permaneçamos com a estrutura habilitada. A UTI nos dá uma retaguarda importante para procedimentos cirúrgicos, por exemplo. Temos quatro salas de cirurgia altamente equipadas, mas em alguns casos os médicos têm receio em realizar procedimentos complexos sem um setor de UTI como retaguarda. Com a habilitação dos leitos temos ampliadas as possibilidade de atendimento de toda a região”, afirmou o presidente do Hospital.
Embora tenha conseguido inaugurar a nova estrutura com aumento de vagas, o Bom Pastor segue com déficit nos valores financiados pelo SUS. Depois de mais que dobrar o número de leitos, o Hospital segue recebendo os valores que consideram a estrutura antiga, e a luta é por um contrato atualizado de repasses. O mesmo ocorre para os leitos de UTI. Dos R$ 600 mil gastos mensalmente, R$ 480 mil são cobertos pelo SUS e o restante é complementado pela instituição.