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Com discursos prontos, candidatos ao governo pouco aprofundam prioridades apresentadas pela Agenda 2020 na capital

27 de setembro de 2018

A Agenda 2020, movimento da sociedade gaúcha composta por representantes do meio empresarial, estudantes e entidades, apresentou nesta quarta-feira no Teatro da PUCRS um caderno de propostas, com as 10 prioridades para o futuro do Rio Grande do Sul, que foi entregue aos candidatos ao governo do Estado. O evento convidou todos os 7 postulantes ao Executivo. Dois não compareceram: Julio Flores, do PSTU, e Mateus Bandeira, do Novo. Eduardo Leite, do PSDB, também não foi, mas enviou o seu candidato a vice delegado Ranolfo Vieira, do PTB. Quatro candidatos marcaram presença: Jairo Jorge, do PDT, José Ivo Sartori, do MDB, Miguel Rossetto, do PT, e Roberto Robaina, do PSOL.

As 10 prioridades representam, segundo o presidente da Agenda 2020, Humberto Busnello, uma síntese das 837 demandas levantadas em encontros com 900 voluntários e temas que não podem ser mais adiados. Em 8 regiões do Estado, as reuniões discutiram os pontos que mais precisam de atenção do próximo governador. Entre as prioridades, três temas se destacaram como os mais urgentes, pela ordem, infraestrutura, educação e gestão pública. Para cada prioridade, foram propostas medidas para melhorar a área em questão, inclusive, com orientações de como fazer. Os demais itens que integram o caderno estão: agronegócio, inovação e tecnologia, desenvolvimento de mercado e empreendedorismo, meio ambiente, saúde, segurança e cidadania e responsabilidade social.

Cada candidato presente teve 5 minutos para falar após a apresentação de 3 minutos de cada prioridade. Chamou a atenção que nem todos utilizaram o tempo completo, e alguns até passaram um pouco. Porém, todos utilizaram discursos semiprontos, com pouco improviso e principalmente pouca profundidade em tratar os temas mais urgentes citados pela Agenda 2020. Por exemplo, o tema mais importante levantado foi a infraestrutura. Entre os itens comentados, o porto de Rio Grande e investimento em hidrovias, que não demanda altos valores foi proposto pelo movimento. Nenhum dos candidatos tocou no assunto. Em geral, os candidatos elogiaram o caderno e a iniciativa da Agenda 2020. Abaixo confira uma síntese do que cada candidato discursou no evento.

Jairo Jorge (PDT)
Aproveitou seus 5 minutos disponíveis na íntegra para reforçar as ideias e propostas do seu plano de governo, que, segundo ele, convergem com as ideias propostas pela Agenda 2020. Jairo defendeu cinco ideias gerais de seu plano como: fazer o Estado crescer com menos burocracia e menos impostos; reduzir as estruturas do Estado para 10 escritórios e três níveis hierárquicos; criação de uma lei de responsabilidade geracional para educação, que consiste em um plano de 21 anos, com sete ciclos de três anos, com metas, indicadores e ações; para o tema mais urgente citado no evento, a infraestrutura, o candidato propõe parcerias público-privadas e uma lei de incentivo a infraestrutura, para o empresário usar recursos do ICMS para realizar obras desde que elas sejam 20% mais baratas e 20% mais rápidas que o Estado.

Em relação a gestão pública, Jairo defende a regionalização e transparência da governança, para que haja mobilização e participação social. “Isso exige liderança. Esse é o papel de um governador. Não podemos eleger uma aposta nem um síndico da massa falida. Nós precisamos de uma liderança que não faça sozinho, porque ninguém é salvador da pátria. Temos que fazer coletivamente. Nosso governo, de forma clara e inequívoca, que o Rio Grande do Sul tem solução, desde que elas sejam inovadoras”, argumentou o candidato do PDT.

José Ivo Sartori (MDB)
Em 4 minutos e meio, o candidato à reeleição, elogiou as propostas apresentadas pela Agenda 2020 e ressaltou que todas são muito importantes para o desenvolvimento no Estado. Como meio de concretizar todas as propostas, ele defendeu o seu plano de governo, repetido na campanha. “Para conseguirmos atender todas nós precisamos aderir ao regime de recuperação fiscal, privatizar ou federalizar as estatais, tornar o Estado eficiente, sustentável e favorável a atração de investimentos e geração de empregos.

Sobre infraestrutura, Sartori citou algumas medidas que já foram implementadas durante seu mandato, como a parceria pública-privada com a Corsan para tratamento de esgoto na região metropolitana de Porto Alegre e ainda o plano de concessões de rodovias, que está em finalização e tem possibilidade de iniciar até o fim do ano. Por fim, o candidato do MDB defendeu outro ponto bastante repetido na sua campanha, o fato de que o Estado não pode começar de novo, como argumento para se tornar o primeiro governador a se reeleger no Rio Grande do Sul.

Miguel Rossetto (PT)
Também não usou todo o tempo disponível, em menos de 4 minutos, o candidato falou sobre o evento, antes de se ausentar por conta de um ato na agenda de campanha. Em sua fala, Rossetto ressaltou a importância do caderno de propostas entregue e principalmente o diálogo como essencial em um futuro governo. Ele reforçou o compromisso de manter o diálogo permanente com a sociedade gaúcha e a Agenda 2020 sobre as demandas do Estado. “Este documento seguramente agrega uma qualidade estratégica importante. Eu recolho este documento com muito respeito e ele será analisado por mim e pela minha equipe. Governamos melhor quando desenvolvemos a capacidade de escutar. Acertamos mais quando aprendemos a escutar. E eu quero acertar muito”, assegurou. Por fim, o candidato do PT disse que a cooperação é a palavra-chefe para recuperar o desenvolvimento do Rio Grande do Sul.

Ranolfo Vieira (PTB), vice de Eduardo Leite (PSDB)
Foi bem sucinto no seu tempo de fala, usando apenas 2 minutos e meio. Explicou que Eduardo Leite não compareceu por estar cumprindo uma agenda fora do Estado. Elogiou a iniciativa da Agenda 2020, citando que a chapa que compõe se inspirou no movimento e também fez um trabalho similar, para identificar as demandas e elaborar o plano de governo. “Fiquei extremamente satisfeito ao verificar que muito do que foi apresentado por vocês aqui vem ao encontro do que está no nosso plano de governo. Então, quero dizer que, em se concretizando o nosso projeto, chegando ao governo do Estado, queremos sim governar utilizando este caderno de propostas da Agenda 2020”, garantiu.

Roberto Robaina (PSOL)
Usou quase 30 segundos a mais do tempo para agradecer o convite, dizendo que se não comparecesse, seria uma oportunidade perdida, e elogiou o trabalho feito pela Agenda 2020. Em seu discurso, Robaina ressaltou que o Estado está em decadência e citou dois pontos importantes, colocando como prioridade o segundo tema mais urgente indicado pelo movimento: a educação. “Se é pra ter escolha, a nossa escolha é investir na educação. Fazer esforço fiscal na educação. Na situação que nós temos com professores recebendo um básico de R$ 1.260 não é possível avançar em educação”, analisou. O candidato ainda destacou que o Estado possui uma rede de universidades boas e que atrai investimentos até pela posição estratégica no Mercosul. Além disso, ele defende investimentos na UERGS.

O outro tema citado por Robaina foi sobre segurança pública. “Na minha opinião, vocês devem debater o problema da política nacional de segurança. A elaboração que vocês estão fazendo não dá conta. Nós já temos hoje no Brasil, um processo de corrupção no interior dos aparelhos do Estado repressivo. Se a política nacional de segurança não mudar, a situação vai piorar”, avaliou.

Fonte: Rádio Progresso de Ijuí