Nesta segunda-feira, o BNDES, banco público de fomento ligado ao governo federal, anunciou um socorro de R$ 55 bilhões a empresas de diversos tamanhos, em função das perdas que serão provocadas pelo Coronavírus.
A ajuda foi divulgada logo após o presidente Jair Bolsonaro anunciar, em suas redes sociais, a retirada do artigo contido na MP enviada ao Congresso que previa a possibilidade, em caso extremo, da suspensão do contrato de trabalho nas empresas privadas pelo período de quatro meses, sem que o trabalhador recebesse salários.
Em conversa com a reportagem da RPI, o professor de Economia da Unijuí, Argemiro Brum, afirmou que medidas drásticas e contundentes precisam ser tomadas neste momento, a fim de garantir que as perdas econômicas com o Coronavírus não recaia exclusivamente sobre os trabalhadores assalariados e empresas de pequeno porte. Algumas medidas defendidas pelo professor de Economia, além da ajuda financeira do setor público, são de ordem prática.
“Vejo a necessidade, por exemplo, de prorrogar pagamentos de água, luz, comunicações, algo desse tipo. É preciso permitir prorrogações desse tipo, de preferência sem juros, para que as pessoas não tenham que sair correndo para ir fazer pagamentos. Nem todas as pessoas têm acesso ou dominam as ferramentas de tecnologia para pagamentos eletrônicos”, avalia Brum, citando especialmente o caso do IPVA. “Estou um tanto curioso com o governo do Rio Grande do Sul, que é um dos mais mobilizados contra o Coronavírus, não vi nada até agora sobre a prorrogação do pagamento do IPVA. A gente sabe que o Estado precisa de recursos, mas o caso é de vida ou morte. É uma incoerência exigir, com razão, que as pessoas fiquem em casa e ao mesmo tempo exigir que elas paguem suas contas no prazo”, afirmou o especialista.
Ainda sobre as demissões que devem se avolumar no decorrer da crise econômica, Argemiro Brum defende que o governo assuma mecanismos de proteção ao emprego, para que não haja perdas maiores na economia brasileira.