O presidente da República Jair Bolsonaro, em pronunciamento em cadeia de rádio e televisão na noite desta terça-feira (24), afirmou que as autoridades estaduais e municipais devem “abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa”.
Em consonância com autoridades de diversos países do mundo e de acordo com orientações de infectologistas, parte dos prefeitos e governadores do Brasil adotou medidas mais restritivas do que as recomendadas pelo Ministério da Saúde. A intenção dos governantes locais é diminuir a disseminação do vírus para evitar colapso no sistema público de saúde, evitando indisponibilidade de leitos de UTI. As ações adotadas pelos Estados e pelos municípios estão de acordo com avisos da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na opinião do presidente, quem deve ficar em quarentena é o grupo de risco, pessoas acima de 60 anos, e os sintomáticos, que estão com febre ou outros sintomas respiratórias. Bolsonaro também criticou o fechamento de estabelecimentos de ensino.
— O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Então, por que fechar escolas? — afirmou.
O presidente também comentou sobre o contato com diversas pessoas que diagnosticaram positivo para a covid-19. Ele afirmou que, pelo seu “histórico de atleta”, caso fosse contaminado, não precisaria se preocupar, porque seria uma “gripezinha” ou um “resfriadinho”.
— A vida deve voltar à normalidade em todo o Brasil — afirmou o presidente.
Mais cedo, o ministro da Saúde, Luís Henrique Mandetta, afirmou que “o travamento absoluto do país era um problema”.
O número de casos aumentou no Brasil nesta terça-feira. São 46 mortes em decorrência do coronavírus e pelo menos 2.201 casos confirmados.
O pronunciamento do presidente causou perplexidade em integrantes do Congresso. O presidente do Senado, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), divulgou nota criticando a fala de Bolsonaro:
“Neste momento grave, o País precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população. Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao Covid-19. Posição que está na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS).
Reafirmamos e insistimos: não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos. É momento de união, de serenidade e equilíbrio, de ouvir os técnicos e profissionais da área para que sejam adotadas as precauções e cautelas necessárias para o controle da situação, antes que seja tarde demais.
A Nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade. O Congresso continuará atuante e atento para colaborar no que for necessário para a superação desta crise”.
Veja o pronunciamento completo: