Dezenas de objetos de luxo foram apreendidos nesta terça-feira (21) em operação desencadeada contra a Indeal, com sede em Novo Hamburgo. A empresa prometeria lucros de 15% aos mês para investimentos em criptomoeda, mas a operação financeira não é autorizada pelo Banco Central. De acordo com a Polícia Federal, parte do dinheiro seria aplicada em investimentos convencionais.
Dez pessoas foram presas. São cinco sócios, sendo que dois deles são casados. Outras três pessoas presas são esposas de sócios e demais colaboradores, segundo a PF. Em 15 meses, a Indeal recebeu mais de R$ 1 bilhão em três contas bancárias. Deste valor, estimado pelo auditor fiscal da Receita Federal Heverton Luiz Caberlon, pelo menos R$ 850 milhões foram movimentados entre fevereiro de 2018 e fevereiro de 2019 e estão comprovados pela quebra do sigilo bancário obtida pela PF. Segundo Caberlon, atualmente a empresa não tem como devolver o que foi pago aos investidores.
“São R$ 300 milhões somente para que a empresa pudesse saldar os investidores que fizeram o aporte”, observa Caberlon.
Segundo o delegado da Receita Federal Eduardo Godoy Correia, só foi identificado investimentos em criptomoedas a partir de fevereiro deste ano, quando o Ministério Público Federal (MPF) anunciou que a Indeal era uma das empresas investigadas em esquema de pirâmide.
Extratos bancários demonstram compras de alto valor por parte dos investigados. Entre os objetos, está um anel de ouro feminino de R$ 175 mil, um relógio de pulso masculino de R$ 250 mil e mais de R$ 1,1 milhão em esmeraldas — R$ 500 mil para esposa de um sócio e R$ 600 mil para outro sócio. Ao todo, os investigadores identificaram seis transferências no valor de R$ 849 mil para uma empresa que vende joias.
Um outro participante da empresa desembolsou R$ 960 mil reais em uma loja de grife em São Paulo. Pelo menos 33 carros foram apreendidos durante a ofensiva. Entre os automóveis, há modelos de luxo, um deles avaliado em R$ 500 mil.
Cerca de 60 imóveis foram localizados em nomes de sócios ou pessoas diretamente ligadas aos empresários. Entre os imóveis adquiridos está um apartamento de R$ 6,5 milhões em Florianópolis-SC; uma mansão estimada em R$ 3,5 milhões em Novo Hamburgo e outra casa de R$ 1,5 milhão em Estância Velha. Um colaborador teria comprado, segundo a PF, Porto Alegre, um imóvel de R$ 1,5 milhão. A investigação agora tenta o sequestro desses bens para ressarcir o possível prejuízo dos investidores.
A investigação identificou 55 mil investidores cadastrados no banco de dados da empresa. Foram localizados depósitos dos 26 Estados, exceto Roraima. Os valores foram depositados em 823 cidades do País, em três mil agências bancárias.
Ainda conforme a Polícia Federal, na Região Sul, 477 cidades movimentaram valores para a empresa, sendo 288 no RS. Dentre as cidades gaúchas, três lideram a lista em valores investidos: Caxias do Sul, com R$ 128 milhões, Porto Alegre com R$ 77 milhões e Novo Hamburgo, com R$ 61 milhões.