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Encontro virtual de jovens rurais da região de Ijuí tem quase 600 inscritos

13 de agosto de 2020

Inédita, a versão online do Encontro de Jovens Rurais da região de Ijuí, realizada nesta quarta-feira (12/08) teve 590 pessoas inscritas. Nesta edição, o evento teve o relato de vida de cinco jovens rurais, além da participação do presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri, e presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS), Carlos Joel da Silva, representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf/Sul), Ivete Ulrich, e dirigente sindical da regional de Três Passos, Raul Magnos da Rosa.

O encontro foi conduzido pela extensionista rural da Emater/RS-Ascar Isabel Robaert de Souza, com suporte técnico da Gerência de Tecnologia da Informação (GTI) da Instituição e acompanhamento musical de Eliéser Machado. Durante o evento, quatro áreas ganharam destaque: educação, gestão da propriedade, tecnologia e políticas públicas.

“Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que mais de 90% das pessoas no meio rural possuem alguma ferramenta tecnológica e em torno de 60%, utilizam efetivamente essa ferramenta como um grande braço na gestão da propriedade”, disse o presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri. “Há espaço para que o jovem esteja na propriedade, com tecnologia avançada e que possa fazer uso desta tecnologia na gestão da sua propriedade”, completou o presidente da Emater/RS.

Dentre as políticas públicas, duas foram as mais lembradas, o Programa Bolsa Juventude Rural, coordenado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e a Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) prestada, inclusive, a todos os cinco jovens rurais que se apresentaram.

SUCESSÃO RURAL

Ante o desafio de facilitar a sucessão rural, sem que haja conflitos entre pais e filhos, o extensionista rural pode assumir o papel de mediador. “O extensionista da Emater faz este trabalho de ouvir as duas parte, para ajudar no processo de dar oportunidade ao jovem sem que o pai e a mãe se sintam invadidos nesta função de líderes maiores na propriedade”, disse o presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri.

Com relação à sucessão rural, o presidente da Fetag disse apostar na soma de duas características, o dinamismo do jovem e a experiência acumulada dos mais velhos. “É sábio aquele que entende a importância deste dinamismo do jovem e alia isso à experiência dos mais velhos. O jovem quer colaborar com os mais velhos para que esta continuidade possa existir”, analisou Silva.

EXPERIÊNCIAS

Prestes a receber a certificação de produtos orgânicos, o jovem André Salles e o irmão, Anderson, produzem hortaliças em uma pequena área de terra dobrada, em Tiradentes do Sul. Com apoio técnico da Emater/RS-Ascar os rapazes construíram estufas e, para o futuro, almejam implantar um hectare de agrofloresta. “A gente também tem de cuidar da terra e a agrofloresta se enquadra nisso”, justificou André. A falta de políticas públicas foi apontada como uma das suas maiores dificuldades. Para o futuro, os jovens agricultores de produtos orgânicos planejam ampliar e diversificar a oferta de itens aos consumidores, para tanto, alimentam planos de reativar uma cooperativa local.

A filha de pequenos agricultores, Christina Chiele, de Tenente Portela, disse que o selo de certificação orgânica, conquistado em fevereiro deste ano, tem favorecido as vendas no comércio local. Até se firmar no mercado, no entanto, a família enfrentou dificuldades, a exemplo do temporal que destruiu estufas no ano de 2011 e da perda de mudas de citros, em função da geada. No ano passado, Christina foi beneficiada pelo Programa Bolsa Juventude Rural e com o dinheiro da bolsa de estudos desenvolveu um sistema de irrigação para a horta. O Projeto Produtivo da jovem tem o acompanhamento técnico da equipe municipal da Emater/RS-Ascar.

O técnico agrícola Cristiano Tier e seu pai administram a produção de frangos, leite e, em menor escala, ovelhas. Aos poucos, o jovem de 28 anos tem conquistado mais espaço na gestão da propriedade, localizada em Miraguaí. “O pai é um cara muito bom de trabalhar, nos últimos seis anos em que estamos trabalhando juntos estamos nos acertando. A parte de leite é mais comigo e a parte de frango nós dois nos ajudamos. A gente tenta acertar mais do que erra”, disse Cristiano.

A jovem Débora Santos foi uma das pioneiras da comunidade quilombola do distrito Júlio Borges, do interior de Salto do Jacuí, a ingressar, no ano de 2016, no curso de medicina oferecido pela Universidade do Rio Grande (Furg). “Passar num curso tão elitizado como o de medicina é motivo de muita alegria. Nós podemos e temos o direito de estar na universidade”, disse Débora.

A jovem produtora de grãos Vanessa Kirschner, de Ijuí, é filiada ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais e vice-presidente da Escola de Ensino Médio Casa Familiar Rural Três Vendas (Catuípe/RS). Ela já participou de uma das maiores mobilizações da América Latina, a Marcha das Margaridas, em Brasília, e da Marcha Estadual da Juventude Trabalhadora Rural, em Porto Alegre, no ano de 2012, que pedia bolsas de estudos para jovens estudantes das Casas Familiares Rurais. “Se hoje temos muitos benefícios, devemos à luta de agricultores e agricultoras de anos atrás e nós, hoje, estamos aqui usufruindo das batalhas que eles fizeram, pensando nas gerações futuras”, disse a jovem de Ijuí.

REMÉDIO EM TEMPOS DE PANDEMIA

No encerramento do encontro, o jovem filósofo Rudinei da Rosa ofereceu um “remédio”, nestes tempos de pandemia. “A pior pandemia que existe, além desta que estamos vivendo, é a pandemia de estar distante de quem você é. É a pandemia de você se perder nos caminhos da vida. Com o vírus a gente coloca máscara, faz uma vacina e segue a vida. Mas, aquele que se perde nos caminhos próprios da vida, para este não tem remédio que cure”, disse Rosa. “Te convido a se manter perto do remédio da vida, da grande fonte da vida, que é a agricultura”, finalizou.

Fonte: Emater/ RS-Ascar