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“Fiquei embaixo do barco virado”, diz sobrevivente de naufrágio em Barra do Guarita

7 de novembro de 2019

Um dos sobreviventes do naufrágio de um barco de estudantes que virou enquanto voltava para o Rio Grande do Sul pelo Rio Uruguai, na divisa com Santa Catarina, diz que ficou embaixo da embarcação e que conseguiu sobreviver após ir até a superfície e ser levado por até dez minutos pela correnteza. Na embarcação que virou na noite de quarta-feira (6), havia pelo menos outras 13 pessoas, a maioria estudantes de Agronomia que se deslocavam de aula em universidade catarinense. Um jovem de 19 anos segue desaparecido e buscas são realizadas desde a madrugada desta quinta-feira (7). 

Jardel Tamiozzo, 24 anos, morador de Tenente Portela, disse que é comum o grupo fazer a travessia pelo rio que divide as cidades de Itapiranga, em Santa Catarina, e Barra do Guarita, no Rio Grande do Sul. Ele acredita que ninguém usava coletes salva-vidas, mas ressaltou que também não houve orientação por parte do piloto. Segundo ele, o tempo para ir de um lado a outro do rio é de no máximo dois minutos. No entanto, o estudante de Agronomia disse que havia mais pessoas do que o normal naquele barco. Geralmente cabem dez pessoas, mas autoridades confirmaram, conforme as vítimas, que havia pelo menos 13 tripulantes, além do piloto. 

— A correnteza estava forte e a água começou a entrar  pela frente e o barco virou quando a água chegou no meio. Quando vi, fiquei debaixo do barco virado e tive de ir até a superfície – explicou Tamiozzo. 

Foi neste momento, por volta das 23h de quarta-feira e cerca de 400 metros distantes da barranca — seriam em torno de 800 metros de um lado a outro — que ocorreu o acidente. Ao chegar na superfície, após o barco começar a afundar, o jovem começou a gritar o nome da namorada, que também estava no barco. Ele conseguiu encontrá-la e, juntos, resolveram ir na direção da correnteza. Pelo menos uns 10 minutos depois, eles foram resgatados por outro barco. 

— Nossa ideia era não cansar ao nadar contra a correnteza e tentar alcançar um galho ou ir até as margens, mas não foi possível. Assim como a gente, outros colegas foram resgatados por barcos depois de terem nadado por vários minutos. Mas estávamos longe das margens e estava muito escuro – ressaltou o sobrevivente. 

Tamiozzo disse que todos os tripulantes estavam sentados no barco quando o mesmo começou a afundar. Segundo ele, não foi possível ver o que ocorreu com o estudante Andrei Franchini, 19 anos, de Vista Gaúcha, que segue desparecido. Tamiozzo disse que o trauma foi grande e agradeceu a Deus por, nas suas palavras, ter “nascido de novo”. 

Os bombeiros realizam buscas em um trecho de 16 quilômetros do Rio Uruguai e afirmam que a correnteza segue forte, com o leito cerca de três metros acima do nível normal. A Polícia Civil investiga o caso e já está ouvindo testemunhas e vítimas. 

Fonte: Gaúcha ZH