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Juíza de Três Passos pede que júri da morte do menino Bernardo seja realizado em Porto Alegre

26 de junho de 2018

A juíza Sucliene Engler Werle, titular da Vara Judicial de Três Passos, no Noroeste do Rio Grande do Sul, pediu nesta segunda-feira (25) autorização para que o júri da morte do menino Bernardo Boldrini seja realizado em Porto Alegre. O crime aconteceu em abril de 2014.

 

Bernardo havia desaparecido no dia 4, e o corpo do menino foi encontrado 10 dias depois enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, no Norte do estado. Além do pai de Bernardo, o médico Leandro Boldrini, e da madrasta Graciele Ugulini, são réus pelo crime Edelvânia Wirganovicz e o irmão Evandro Wirganovicz.

 

O pedido de desaforamento – como é chamada a transferência do local do julgamento – foi feito por meio de ofício ao presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, desembargador Carlos Eduardo Zietlow Duro. Sucliene considera a medida necessária para garantir o interesse da ordem pública, a imparcialidade do júri e a segurança pessoal dos acusados.

 

A magistrada destaca que desde a época do crime, uma vigília é feita na casa onde Bernardo morava em Três Passos, com fotos, flores e cartazes fixados e depositados no local. Além disso, ressalta, sempre que uma etapa do processo é realizada no fórum da cidade, um carro de som reproduz gritos do menino, gravados em um vídeo pelo pai, um dos réus, em um vídeo divulgado após a morte.

“Não há como identificar se algum dos possíveis jurados, que serão sorteados na sessão plenária, não participou das manifestações anteriormente realizadas na cidade; não tenha se manifestado nas redes sociais sobre o fato ou que tenha algum vínculo com as pessoas ouvidas na fase inquisitorial e processual, o que causa a dúvida sobre a imparcialidade do júri, principal motivo para o pedido de desaforamento, pois fere diretamente o princípio constitucional do juízo natural. Não há, pois, possibilidade de haver um julgamento justo com o corpo de jurados parcial”, destaca a juíza.

 

“A bem da verdade, é improvável que algum cidadão trespassense não tenha, em algum momento, se manifestado acerca do processo em questão, o qual, destaco, ganhou repercussão a nível internacional”, prosseguiu.

 

Além disso, a juíza considera que a estrutura do Foro de Três Passos modesta para receber um júri de grande proporção. Segundo ela, o Salão do Júri da cidade comporta 50 pessoas.

 

A realização de julgamento popular no caso Bernardo foi definida após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negar um recurso do réu Leandro Boldrini, pai de Bernardo, que tentava evitar o júri. As defesas apresentaram pedidos de diligências, e 28 testemunhas deverão ser ouvidas no Tribunal do Júri.

As acusações
* Leandro Boldrini – homicídio quadruplamente qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica
* Graciele Ugulini – homicídio quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver
* Edelvânia Wirganovicz – homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver
* Evandro Wirganovicz – homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver

 

O que apontou a investigação
No dia 4 de abril de 2014, Bernardo Boldrini, então com 11 anos de idade, foi dado como desaparecido. Dez dias depois, o corpo do menino foi encontrado envolto em um saco plástico e enterrado em um buraco na área rural de Frederico Westphalen, no Norte do Rio Grande do Sul.

Segundo a investigação da Polícia Civil, ele morreu em razão de uma superdosagem do sedativo midazolan. Graciele e Edelvânia teriam aplicado o medicamento que levou o garoto à morte.

Depois, as duas teriam recebido ajuda de Evandro para cavar a cova e ocultar o cadáver. A denúncia do Ministério Público ainda apontou que Leandro Boldrini foi o mentor do crime.

Fonte: G1 RS