A leitora Maria Emília Mendonça, de 103 anos, é a primeira mulher negra, e a mais velha, a ocupar o posto de patronesse da Feira do Livro de Novo Hamburgo.
“Nunca pensei, menina. Foi uma surpresa muito linda, muito agradável. Eu estou das mais felizes do mundo. Não tem ninguém mais alegre do que eu. É mesmo, estou muito muito feliz”, disse a patronesse.
O evento literário acontece até domingo (24), na Praça do Imigrante, no Centro da cidade. A vovó centenária é fã de leitura, e não sai do quarto sem um livro na mão. A vontade de ler começou desde que foi alfabetizada, aos 8 anos.
“Desde que eu comecei a aprender a ler, se eu saía na rua e via um letreiro, eu era obrigada a ver o que era aquele letreiro. Desde criança, eu sempre gostei”, contou. Para a família, o amor aos livros é o que mantém a patronesse com a mente tão lúcida, mais de um século depois. “Acho que a minha avó é um fenômeno. Todo mundo que conhece ela se admira muito, principalmente com a questão da memória. Não é só a memória antiga, ela também tem uma excelente memória recente”, explicou o neto Andrei de Oliveira.
Maria Emília foi casada por 47 anos, e teve sete filhas, nove netos, 12 bisnetos e cinco tataranetos. E ela sabe a data de aniversário de cada um deles.
“O neto mais velho faz aniversário dia 26 de agosto. O bisneto faz dia 14 de setembro, e o tataraneto dia 25”, disse. O aniversário de 103 anos foi comemorado numa festa em Portugal. A viagem, desejada desde os 12 anos, foi a primeira fora do Brasil. Ela ainda ganhou o primeiro passaporte, que foi comemorado.
“Quando nós fomos encaminhar o passaporte foi uma festa lá na Polícia Federal. Foi a coisa mais linda do mundo. Todo o lugar onde ela chega é a primeira pessoa com 100 anos que está adentrando naquele lugar. Então, todo mundo fica feliz. Nos aeroportos, eles chamam os colegas para verem, tirarem foto com a mãe”, contou a filha Marli Helena de Oliveira.
“Festejar os 103 anos em Portugal não é qualquer um, hein. Estou chique”, disse Maria Emília.