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Marcos Paraná sobre o título do Interior: “Fiz dois gols de canhota e RPI me apelidou de Amigo da Bola”

4 de maio de 2020

Cérebro do time do São Luiz 2013, que culminou com o título do Interior conquistado pelo Rubro ijuiense, o meia Marcos Paraná, foi um dos últimos jogadores se chegar em Ijuí. Chegou para ser o camisa 10 e não decepcionou. Foi o vice-artilheiro da equipe e o líder de assistências naquela temporada. MP10 relembrou para a reportagem da Rádio Progresso de Ijuí, a trajetória do Rubro no campeonato Gaúcho daquele ano.

O que me marcou naquela conquista, sabemos que fui um dos últimos jogadores a chegar em Ijuí, cheguei no final de dezembro, se não me engano dia 28, treinei dois dias e saímos de folga, então praticamente comecei a treinar dia 2 de Janeiro para jogar dia 20 e já vinha de um mês parado, tinha feito uma competição pelo Brasil de Pelotas até o dia 25 de novembro, então vinha de um mês e pouco parado e claro que isso – parte física – atrapalha muito, então não consegui estar bem fisicamente e meus primeiros jogos não foram ruins mas longe daquilo que eu poderia contribuir. No primeiro jogo do campeonato acabamos errando um pênalti e acabamos empatando com o Cruzeiro em casa e não fizemos um bom jogo e muitos esperavam que iríamos estreiar com vitória, afinal, nosso grupo no papel, era uma equipe de peso.

No segundo jogo contra o Lajeadense, que também era uma das melhores equipes do Interior, acabamos perdendo de 2 a 0 e não jogamos bem e fomos direto para Pelotas para jogar contra o Pelotas pela terceira rodada e quando chegamos no hotel, quando acordamos no domingo pela manhã, soubemos do acidente da Boate Kiss, sabemos que foi uma tragédia para todos nós, sentimos até hoje pelas famílias. Com isso, a rodada que jogaríamos contra o Pelotas foi adiada e ficamos algum tempo sem jogos e retornamos para Ijuí e ficamos treinando cerca de 10 dias até ser retomado o campeonato e nesta ocasião, nossa equipe trabalhou fisicamente e precisavam e eu era um deles. O Jurandir e o Fernando(preparadores físicos) fizeram um trabalho junto comigo e eu voltei a ser o Marcos Paraná de antes, fisicamente bem eu sempre rendi em todos os lugares que passei e eu trabalhei firme nestes 10 dias em que o campeonato ficou paralisado por causa deste acidente. E essa parada foi benéfica para nós, por que fez quem que nosso time se entrosasse melhor e quem precisava da parte física trabalhou bem e voltou 100%.

No nosso primeiro jogo após a tragédia, recebemos o Grêmio e já demos uma surra no Grêmio, goleamos eles por 4 a 0, dei 3 assistências, o Juba deitou e rolou no jogo, Eraldo e companhia e fomos muito bem neste jogo e ali começou nossa arrancada, foram 8 jogos invicto a perdemos somente na final que foi um caso a parte, muita chuva na ocasião acabou nos atrapalhando, éramos um time leve de toque de bola, técnico, bem entrosado e com o campo todo embarrado o Inter nos atropelou muito mais na força, mas conseguimos levar o São Luiz, talvez a única vez na história levar a final de um turno para dentro do 19 de Outubro, sabemos como isso é difícil, o Caxias conseguiu este ano, o Novo Hamburgo em 2017, mas antes disso não temos recordação de quando aconteceu. Ver o estádio lotado são coisas que marcam na carreira de um jogador, eu na ocasião era o artilheiro da equipe e você entrar para aquecer e a torcida gritar nosso nome, claro que incentiva mais. Eu sempre falo, Brasil de Pelotas e São Luiz são os clubes do meu coração, quando vou jogar contra a torcida sempre me apoia, fui jogar o ano passado em Ijuí a vários torcedores vieram na casa-mata falar comigo, pedir autógrafo isso é muito benéfico e marca bastante.

Tenho dois jogos neste campeonato que para mim são memoráveis, principalmente pelo que eles criaram para o São Luiz dentro da competição: primeiro contra o Passo Fundo lá no Vermelhão da Serra, não por que eu decidi o jogo, mas o mais importante por que nossa vitória combinada com o empate entre Inter e Cruzeiro nos deu a primeira posição no grupo e nos dava a condição de decidir em casa, e conquistar a primeira posição no grupo é muito difícil, vejamos, em 7 anos, apenas 3 vezes isso aconteceu, nós, o Novo Hamburgo e agora o Caxias, isso é muito difícil, por que a dupla GreNal, com investimento muito maior sempre atropela, então é foi gratificante. E lá em Passo Fundo vencemos de 2 a 0, fiz 2 gols de canhota e foi onde você me apelidou de “AMIGO DA BOLA”.

Outro jogo marcante foi contra o Esportivo. Precisávamos vencer o jogo para ir para a última rodada com chances de classificação para o segundo turno. Lembro que concentrei bastante para este jogo, pedi a Deus que me abençoasse, estava bem no campeonato, já tinha sido abençoado com gols, assistências, então estava tudo dando certo e neste jogo acabei fazendo um dos gols mais bonitos da minha carreira e mais difíceis, fiz gol Olímpico(Não sei, peço que vocês puxem nos arquivos de vocês se tem algum gol Olímpico no 19 de Outubro, se não tiver, o único é do Marcos Paraná). Pretende jogar mais um tempo e quando parar, vou buscar alguns gols bonitos e este é um deles. No segundo tempo o Esportivo empatou o jogo e este resultado nos tirava fora do campeonato, daí parei dentro de campo e comecei a observar o jogo para ver a melhor localização, os espaços e percebia que o Júnior Barbosa apoiava muito e ele cruzava as bolas e o Juba e Eraldo raspavam e ninguém conseguia concluir na segunda trave, daí eu peguei a bola, abri na direita para o Barbosa e me dirige para a segunda trave e ele cruza, a bola passa por todo mundo e sobrou pra mim que consegui fazer o gol da vitória e nos deu uma vida.

Fomos decidir uma vaga contra o Canoas já rebaixado e tínhamos que vencer por 3 gols de diferença para classificar e goleamos por 6 a 0(Foi neste jogo que o Washington me passou na artilharia) e classificamos e fomos enfrentar o Grêmio e só nos tiraram do campeonato por um erro de arbitragem. Jogar contra o Grêmio já é difícil, fora de casa mais difícil ainda, com 1 jogador a menos e não marcar um pênalti pra nós complica de vez. Grêmio do Kléber, Alex Telles, Luxemburgo, Barcos, e mesmo assim seguramos e fomos eliminados somente nos pênaltis. Eu acabei me machucando, fui substituído e acabamos eliminados, mas conquistamos o título do Interior e eu sou muito feliz em ter feito parte disso, ter sido um dos melhores jogadores da competição e agradeço ao São Luiz por ter aberto as portas para mim, o São Luiz deu uma guinada na minha carreira, me ajudou muito a voltar a jogar em equipes grandes do futebol brasileiro e sou muito grato ao clube. 2013, acho que foi um dos melhores times da história do São Luiz, aquele time jogava por música e lembro da escalação, Oliveira, Júnior Barbosa, Thiago Costa, Marcel e Macaé; Chicão, Baiano, Marcos Paraná e Adãozinho; Eraldo e Juba. Pode anotar no papel, este time era de encher os olhos e todos fizeram uma grande competição e quem sabe um dia eu volte a vestir a camisa do São Luiz”.

Fonte: Foto: Reprodução TV/Marcos Paraná substituído aos 35 minutos do 1ºTempo