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Morre ex-bispo da Diocese de Cruz Alta, Dom Frederico Heimler

7 de novembro de 2018

Aos 76 anos, faleceu na madrugada de hoje, 07, no Mato Grosso do Sul, o ex-bispo da Diocese de Cruz Alta, Dom Frederico Heimler. Ele estava internado desde o dia 20 de outubro, após sofrer um AVC, estado que se agravou no início deste mês, quando foi transferido à UTI. 

Desde a renúncia, em 11 de junho de 2014, uma semana antes de completar 12 anos à frente da Diocese de Cruz Alta, Dom Frederico residia na Casa Dom Bosco, da Congregação dos Salesianos, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O sepultamento vai acontecer em Campo Grande, no cemitério da comunidade dos salesianos de Dom Bosco. 

Trajetória de Dom Frederico

Dom Frederico, natural de Unterlammerthal, na Alemanha, nasceu no dia 17 de fevereiro de 1942. Foi ordenado presbítero no dia 12 de junho de 1970 e ordenado bispo em 31 de janeiro de 1999. Embora de origem alemã, possuía uma relação de longa data com o Brasil, pois, a exemplo de muitos missionários alemães, em outubro de 1960, ainda jovem, veio para o Brasil. Seu destino: O Instituto Pedagógico Salesiano São Vicente, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Aprender a língua foi uma das dificuldades iniciais.

Mas, embora o primeiro ano tenha sido difícil, logo se adaptou. Em Caxipó da Ponte, subúrbio de Cuiabá, os missionários eram responsáveis por dar aulas às crianças, acompanhando o grupo praticamente 24 horas/dia.

Em 1966, veio a sua transferência para Lins, em São Paulo, mas, em seguida, por interferência do irmão, que insistia na sua volta à terra natal para cursar Teologia, Dom Frederico retornou à Alemanha. Foi quando teve a oportunidade de conhecer melhor o país de origem, uma vez que ingressou muito jovem no seminário e em seguida partiu para cumprir sua missão.

Em 14 de julho de 1970, na Alemanha, Dom Frederico foi ordenado sacerdote e, um ano depois, estava de volta ao Brasil, trabalhando alternadamente na Escola Santa Tereza, em Corumbá, com 4 mil alunos em Campo Grande, onde recebeu chamado para assumir a Administração da Província.

O cargo, assumido inicialmente pelo período de três anos, acabou se transformando em doze e teriam sido renovados por mais três anos, caso Dom Frederico não tivesse preparado alguém para assumir esta função.

De volta à Escola em Corumbá, Dom Frederico estava realizado em seu trabalho no dia-a-dia, envolvido na programação do Centenário da Escola, a ser comemorado em 1999, quando recebeu a notícia da sua nomeação de Bispo. 

Entre a nomeação e a posse, Dom Frederico “varou madrugadas” para deixar todo o trabalho encaminhado, já que o período era de muita atividade na escola, com obras, reformas, lançamento de livro e mudança na legislação escolar. Vencida esta etapa, estava preparado para o novo desafio. Foi designado Bispo Coadjutor em Umuarama, no Paraná, e, quando estava familiarizado com as novas atividades, foi transferido para Cruz Alta, onde assumiu no dia 16 de junho de 2002.

Família e formação

Os pais de Dom Frederico, Ludwig e Anna Heimler tiveram nove filhos, dos quais quatro seguiram a vida religiosa. O filho mais velho da família Heimler já estava no Seminário dos Padres Salesianos, quando o pároco da sua cidade levou quatro candidatos para o exame de admissão no Seminário da Diocese de Rergensburg, que ficava a apenas 15km de casa. Dos 242 candidatos, 40 foram selecionados, incluindo apenas um do grupo dos 4.

Dom Frederico, na época com 11 anos e que tinha no irmão mais velho um espelho em relação à vida religiosa, ficou fora da lista. Vendo a tristeza do filho, seu pai, após perguntar sobre seu desejo, ligou para o Seminário dos Salesianos. Logo ele estava indo para o seminário, onde ficou por 6 anos. Encerrado o noviciado – com duração de um ano – ingressou, oficialmente na Congregação Salesiana.

Em 1963, Dom Frederico formou-se em Filosofia, em Campo Grande/MS; em 1970, em Teologia, em Benediktbeuem/Alemanha; 1975, em Letras/Inglês, em Campo Grande/MS; Pedagogia (Administração e Supervisão Escolar, Orientação Educacional) em 1978, também em Campo Grande/MS. O Bispo possuía ainda Pós-Graduação em Planejamento Educacional, titulação obtida em 1982. É autor do livro “Você sabe como se organiza e se administra a Igreja Católica?”.

Legado e despedida

Na Diocese de Cruz Alta, durante todo o período que esteve à frente, cumpriu sua missão de trabalhar pela unidade da Igreja Católica. E, neste contexto, suas crenças e convicções, suas posições firmes e claras, aliadas ao conhecimento como educador e administrador, acumulados ao longo dos anos, foram decisivas para avançar mais na área pastoral e de administração. Deu um grande impulso à administração diocesana. Já doente, o Papa Francisco aceitou seu pedido de renúncia ao governo da Diocese, no dia 11 de junho de 2014. 

A trajetória do terceiro bispo diocesano de Cruz Alta foi marcada pela simplicidade e despojamento. Foi um pastor humilde. Trabalhou muito e, de temperamento tímido, também sofreu pela sua missão. Sua renúncia, por motivos de saúde, também comprova seu desapego. Toda Diocese eleva a Deus um hino de louvor pelas maravilhas realizadas por meio deste pastor no seu povo.

 

Fonte: Rádio Progresso de Ijuí e Diocese de Cruz Alta