A pandemia no RS chega a um dos momentos mais difíceis, com muitas internações e diminuição drástica no número de UTI’s disponíveis para tratar pacientes com covid-19. Uma das cidades gaúchas que há tempos vem endurecendo as medidas restritivas visando frear o contágio do coronavírus é Nonoai. Ainda antes do carnaval, o município resolveu adotar regras de bandeira preta, apesar de estar sob bandeira laranja dentro das regras do distanciamento controlado proposto pelo Governo Eduardo Leite.
Na tarde desta quinta-feira, 25, a Rádio Progresso ouviu a prefeita de Nonoai, Adriane Perin de Oliveira. Ela salientou que, passado um ano das orientações para que as pessoas sigam as medidas de prevenção – como distanciamento social, a população continua burlando as regras.
“O que vemos hoje é reflexo do comportamento das pessoas”.
O Hospital Beneficente de Nonoai não possui UTI, apenas leitos clínicos. Eram 12 leitos no início da pandemia. Agora são 24. Apesar de o número dobrar, a lotação permanece máxima. A referência para o município é Erechim, que também enfrenta superlotação.
“Percebemos que o índice subiu quando a população relaxou. Não foi uma decisão fácil. Houve muita pressão de associações comerciais. Mas, ao mesmo tempo, recebíamos ligação de familiares de pacientes implorando leitos de UTI. Namas não tínhamos como fazer nada. Nos sentimos impotentes. Então a medida foi dura, mas foi necessária.”
Questionada quanto a se o modelo de distanciamento controlado flexibilizou demais as regras, a prefeita entende que a cogestão traz mecanismos importantes. Porém, na região da fronteira, os prefeitos perceberam que junto com a cogestão, a população relaxou nas medidas.
“O sistema de cogestão é importante sim. Mas cada prefeito precisa ter a consciência da realidade que ele vive, porque quando o paciente precisa do transporte, do seu leito de UTI, não é o governador, é o prefeito que precisa dar essa resposta. A medida tem que partir do prefeito, da sua realidade, para que a população entenda a gravidade do problema.”
Uma das preocupações é a fronteira com SC, já que a cidade faz fronteira com Chapecó. Adriane Perin diz que a região sofre os reflexos da proximidade e das relações econômicos. Segundo ela, cerca de 600 pessoas do município gaúcho trabalham nos frigoríficos de Chapecó, que vive um colapso na estrutura de saúde nesse momento. Por conta disso, nesse final de semana as duas administrações vão organizar uma barreira sanitária conjunta na ponte sobre o Rio Uruguai.
Durante a ação, que iniciará às 8 horas e se estenderá até as 17 horas nos dias 27 e 28, os agentes de Defesa Civil, da Vigilância Sanitária e voluntários, vão aferir a temperatura corporal das pessoas que passarem pelo local e conscientizando da importância dos protocolos de segurança e de combate a pandemia.
Além disso, ela explicou que amostras de exames de Nonoai foram enviados para a FIOCRUZ, no Rio de Janeiro. A ideia é diagnosticar se há novas cepas do vírus circulando na região.
“A propagação está mais acelerada. Mudou o perfil. Perdemos pessoas com 18 anos para o coronavírus.”