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Padre divulga carta com esclarecimentos sobre acusações

15 de janeiro de 2022

O Padre Claudir Miguel Zuchi, através do seu procurador, Dr. Evans Biscaino de Melo, procurou a RPI no final da tarde de ontem (14), para rebater afirmações feitas pelo Bispo de Frederico Westphalen, em investigação do Ministério Público e que corre na justiça, envolvendo o Bispo acusado pelo MP de praticar abuso sexual.

Confira abaixo a nota de esclarecimento do Padre Claudir.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Eu, Claudir Miguel Zuchi, venho por meio da presente prestar esclarecimentos a respeito de notícia veiculada na Folha do Noroeste, em publicação do dia 20 de dezembro de 2021, onde o Sr. Antônio Carlos Rossi Keller fez acusações dirigidas a minha pessoa, tais como de caluniador, mentiroso, hiena e lobo voraz, entre outras.

No referido periódico Antônio Carlos Rossi Keller afirmou que foi absolvido das acusações de abuso sexual na esfera Eclesiástica e na Justiça Comum, bem como que eu fui expulso da Igreja Católica e que ingressei com ação trabalhista contra a Igreja.

Tais afirmativas e acusações não são verdadeiras, pois não sou mentiroso, não sou caluniador, não sou, por óbvio, uma hiena ou um lobo voraz, tampouco fui comunicado da expulsão e nunca ingressei com ação trabalhista contra a Igreja Católica, o que traduz a mais absoluta inverdade.

Da mesma forma, o bispo Antônio Carlos não foi absolvido na Justiça Comum, sendo que os processos seguem em curso, notadamente o processo de Estupro de Vulnerável, que parte do conteúdo veio a público recentemente. Neste processo Antônio Carlos também foi denunciado por Coação no Curso do Processo, por ter praticado perseguição, ameaça e violência ao menos psicológica contra minha pessoa.

O bispo Antônio Carlos, ainda afirmou que foi absolvido na esfera eclesiásticas, mas não fez prova alguma nesse sentido, embora tenha usado tal afirmação para tentar desmerecer minha imagem, aliás, seria imperioso que permitisse o acesso a esta suposta absolvição para que o contraditório fosse implementado.

A minha suspensão e, possível expulsão, foi justificada pela prática de suposta desobediência ao Bispo e a seus sucessores em proveito de eventuais interesses pessoais, justificativa feita por Antônio Carlos, mas que não foi provada. Aliás, não tive o direito ao devido processo legal canônico dentro da instância eclesiástica, sendo eu sequer tive conhecimento das devidas acusações, pois não me foi franqueado acesso aos atos do processo e do seu conteúdo, inclusive de eventual decisão desfavorável, embora o bispo propague na mídia que fui expulso.

Todavia, esclareço que a suspensão e talvez a expulsão, ocorreram de modo indevido, ilícito, abusivo e sem o devido processo legal, bem como sem o apontamento de qualquer fato capaz de lhe dar sustentação, mas sobretudo sem a possibilidade de efetiva defesa.

A verdade é que o Bispo agiu em ato de represália e vingança contra minha pessoa, valendo-se de sua posição de autoridade eclesiástica para me impor uma forma de coação pelo fato de eu ter assinado, juntamente com outras pessoas, denúncia contra ele junto à Igreja Católica e o Ministério Público Estadual.

A denúncia foi baseada em fatos que vieram ao conhecimento dos denunciantes por vítimas declaradas e fatos ocorridos na Diocese, fatos que deveriam e devem ser apurados. As atitudes narradas são, ao menos em tese, incompatíveis com a atividade eclesiástica e a lei.

Os fatos narrados compreendem atos de suposto abuso sexual contra menores, conduta questionável na gestão financeira da Diocese, tolerância e omissão em face de infrações praticados contra a Diocese e contra menores, possível abuso de poder, possível perseguição a padres e pessoas que não compactuam com a postura e os atos do bispo, entre outras situações.

No que toca ao delito de abuso sexual, Antônio Carlos Rossi Keller jamais negou a prática de tal ato, o que por si só chama muito a atenção, pois se não cometeu tal delito ou prática sexual ilícita, como a vítima declara, teria de imediato negado o cometimento de tal ato ilícito na primeira oportunidade que teve de se manifestar na investigação, e não teria ficado em silêncio.

A minha postura de assinar a denúncia vem ao encontro da atual posição da Igreja Católica, que foi priorizada e divulgada pelo Papa Francisco, ou seja, de evitar abusos sexuais e de poder dentro da Igreja, punindo aqueles que assim agem e reparando as vítimas. Neste contexto, cito o Motu Proprio – Vos estis lux mundi, legislação publicada pelo Papa para combater e punir atos de violência sexual e abuso de poder de religiosos.

O bispo passou a usar seu poder e atentar contra mim, retirando minha atuação, suprimindo minha côngrua, o pagamento do INSS e plano de saúde estabelecidos pela Legislação Canônica, bem como passou a propagar inverdades contra minha pessoa, como é o caso da publicação objeto da presente carta de esclarecimento. Estou sendo massacrado com atos ilegais perpetuados contra mim pelo bispo, o que ocorreu pelo fato de ter agido como pessoa do bem que busca o cumprimento da lei.

Jamais caluniei Antônio Carlos Rossi Keller e o desafio a provar que sou mentiroso, pois as provas e elementos que nos foram enviadas, além do depoimento das suas vítimas, inclusive trazidos em documentos, demonstram consistentemente a prática, ao menos em tese, de delitos, tanto que o próprio Ministério Público fez denúncia muito substancial a respeito dos fatos e o processo está seguindo seu curso normal sem qualquer tipo de absolvição, mas sobretudo com o silêncio do bispo, que não nega os fatos.

Sendo assim, aqui faço minha defesa e respostas às malfadadas alegações e acusações perpetradas por Antônio Carlos Rossi Keller, já que não pude fazê-la nas instâncias eclesiásticas, pois Antônio Carlos não permitiu e ainda usou de seu poder para me atacar e me punir por ter agido como padre devoto, cidadão de bem e contrário a abuso de poder e abuso sexual dentro da Igreja Católica.

Aguardo a conclusão dos processos, para que se faça justiça pois as denúncias custaram à minha pessoa muito mais do que os valores financeiros suprimidos, custaram meu ofício, minhas crenças, minha saúde psicológica, bens imateriais incalculáveis e que jamais poderão ser ressarcidos.

Desta forma, refuto com veemência a acusação de ser caluniador, mentiroso, hiena e/ou lobo voraz. Fui e sou a voz de vítimas, que buscaram o amparo de pessoas de bem para repudiar e punir o mal que sofreram, apenas atuei no exercício regular de um dever cívico e eclesiástico, tendo cumprido meu papel de cidadão e denunciado os fatos que chegaram ao meu conhecimento, pois o silêncio diante de atrocidades contra menores não mais pode imperar em nossa sociedade, mas principalmente em nossa Igreja e na Diocese de Frederico Westphalen.

Fonte: Rádio Progresso de Ijuí.