Senadores e deputados federais criticaram hoje o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por ter ignorado recomendações do seu próprio governo, elogiando protestos em um período em que aglomerações são desaconselhadas, e mantendo contato próximo com seguidores, com apertos de mão e selfies.
Diante da pandemia de coronavírus e da escalada de contágios no Brasil, parte dos congressistas classificou a atitude do presidente da República como “irresponsável”.
O Ministério da Saúde pede isolamento por sete dias após viagem ao exterior e redução dos contatos sociais para desacelerar a propagação da doença.
Bolsonaro voltou dos Estados Unidos há quatro dias, teve resultado negativo no teste de infecção, mas seis membros da comitiva contraíram o vírus — elementos que levam as autoridades sanitárias a recomendar quarentena.
O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), afirmou que os gestos de Bolsonaro foram, à primeira vista, “pequenos”, mas “irresponsáveis sob a ótica da saúde pública”.
“Péssimo exemplo o presidente fazer carreata e surgir na rampa [do Planalto] estimulando as concentrações. Primeiro por estar contra a própria propaganda do seu governo, que está gastando milhões para orientar a população a evitar aglomerações. Em segundo lugar, por estar estimulando manifestação contra os dois outros Poderes, Legislativo e Judiciário”, afirmou.
A líder do Cidadania no Senado, senadora Eliziane Gama (MA), classificou o incentivo de Bolsonaro aos atos como uma “irresponsabilidade sem precedentes” quando se vive uma pandemia.
“Os atos em si foram muito pequenos, mas o suficiente para agilizar a propagação do coronavírus. Muito preocupante o que vimos hoje”, afirmou.
O líder do PSB na Câmara, deputado federal Alessandro Molon (RJ), disse que as consequências do ato de Bolsonaro hoje vão “além do ataque à democracia” e também as chamou de “irresponsabilidade sem tamanho”.
“É isso que acontece quando se governa pensando em concentrar e manter seu próprio poder”, escreveu.