Produtores brasileiros ainda estão incertos quanto à produção da segunda safra de milho da temporada 2017/18. Isso porque muito agricultores amargaram prejuízos na produção de segunda safra por duas temporadas seguidas. Em muitas regiões, o preço médio do milho esteve abaixo do valor de nivelamento para saldar o custo de produção durante todo o segundo semestre de 2017, de acordo com dados do Projeto Campo Futuro, parceria entre o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, e a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Para ilustrar a situação da safra 2017/18 de milho, o Cepea/CNA estimou o custo de produção do milho segunda safra, geneticamente modificado, para as regiões de Sorriso (MT), Primavera do Leste (MT), Rio Verde (GO), Cascavel (PR), Dourados (MS) e Balsas (MA). Para o cálculo do custo de produção, tomou-se como base o coeficiente técnico de produção da safra 2016/17 e os preços médios dos insumos do final de 2017 e início de 2018 (setembro/17 a janeiro/18). Quanto à receita bruta, assumiu-se a produtividade média das três últimas safras (2014/15 a 2016/17) e o preço médio do milho em janeiro de 2018.
Diante disso, de acordo com o Cepea/CNA, a produtividade de nivelamento para saldar o COE foi estimada em 74 sacas de 60 kg para Balsas; em 88 sc/ha para Dourados; em 105 sc/ha para Cascavel; em 109 sc/ha para Primavera do Leste e em 114 sc/ha para Sorriso.
Nesta simulação, a produtividade típica de Dourados ficou acima do COE, significando que a região é a única que consegue saldar o COE. Já as produtividades típicas de Sorriso, de Primavera do Leste e de Rio Verde são insuficientes para saldar o COE. No caso de Balsas e de Cascavel, as respectivas produtividades típicas de 70 sacas/ha e de 104 sc/ha ficaram muito próximas do nivelamento para a duas regiões. Ao adicionar o custo de depreciação, juros sobre capital investido e oportunidade da terra, nenhuma região selecionada tem produtividade típica capaz de saldar o CT para o preço do milho negociado na praça em janeiro de 2018.