A soja apresenta grande variação de potencial produtivo na nossa região. Segundo o último informativo conjuntural da Emater da região de Ijuí, a cultura está em uma fase que necessita de água para o enchimento de grãos. Como as precipitações são muito desuniformes em volumes, as lavouras de sequeiro implantadas em meados de outubro, por exemplo, registram baixa produtividade.
Nos municípios mais atingidos pela estiagem estas lavouras apresentaram produtividade entre 15 e 20 sacas por hectare. Nos municípios beneficiados por chuvas regulares as produtividades estão um pouco abaixo do esperado inicialmente, em torno de 45 a 50 sacas por hectare, dependendo o manejo realizado e tecnologias utilizadas, mas como principal fator responsável pela diminuição de potencial produtivo a irregularidade das precipitações e calor excessivo.
Em Tupanciretã, que possui a maior área de soja do estado, com cerca de 150 mil hectares cultivados, a cultura da soja já registra quebra de 89% em áreas já colhidas. Segundo José Domingos Lemos Teixeira, Coordenador do núcleo APROSOJA, foram colhidos 2% do total de hectares destinados à oleaginosa. No entanto, em algumas delas a produtividade, que na safra passada era de 81 sacos por hectare, nesta colheita baixou para 9 sacos por hectare.
A Emater confirma ainda que a falta de umidade no solo provoca redução do tamanho do grão e queda prematura de vagens. Alguns produtores optam por não dar continuidade aos tratamentos fitossanitários nas lavouras com baixo potencial produtivo. Isso por causa da baixa incidência de doenças até o momento, somando-se a baixa perspectiva de produtividade.
Conforme José Domingos os prejuízos no estado já estão na ordem de 15 bilhões de reais em razão da estiagem. Na cultura do milho, o clima seco tem favorecido a colheita, que já se aproxima do final. 96% da área total de 68 mil 640 hectares na região foram colhidos.
Conforme a Emater, o uso da irrigação conseguiu minimizar os impactos da estiagem e conferir produtividade razoável na média da região. A produtividade está em torno de 120 sacas por hectare. O produto colhido é de boa qualidade. Nesta manhã, durante a Expodireto Cotrijal, a Emater divulgou a estimativa de que a colheita nas propriedades gaúchas chegará a 28,72 milhões de toneladas, queda de 13,8% frente às 33,3 milhões de toneladas esperadas inicialmente e o menor resultado desde 2016.
Ontem, durante o evento, aconteceu o décimo segundo fórum nacional do milho, onde foi apresentado ao público o programa Pró-milho. O programa tem como objetivos principais aumentar a produção e garantir a qualidade do milho no Rio Grande do Sul, com renda compatível e maior segurança aos produtores. O cereal é essencial para as cadeias produtivas de avicultura, suinocultura e bovinocultura de corte e leite e sua participação direta e indireta na economia gaúcha chega a 10% do PIB, mas a produção ainda não atende à demanda.
O secretário de Agricultura do RS, Covatti Filho, explicou que o programa foi concebido a partir de uma das principais constatações feitas pelos produtores em 2019: o setor não é autossuficiente. Em função disso, é preciso comprar o produto de outros Estados e o custo acaba ficando muito alto.
Segundo Ivan Bonetti, diretor do Departamento de Política Agrícola e Desenvolvimento Rural da Secretaria de Agricultura do RS, o problema é que nosso Estado apresenta produção inferior à demanda em cerca de 1,5 milhão de toneladas ao ano. Este ano, com a estiagem, a falta de milho no Estado, de acordo com a nossa produção, deverá ultrapassar 2 milhões toneladas ao ano.
Amanhã, a partir das 15h a equipe da Rádio Progresso estará na Expodireto Cotrijal fazendo transmissão ao vivo, diretamente do estande da Sicredi.