As fake news, notícias falsas, pela tradução literal do inglês, são as maiores preocupações da justiça eleitoral para as eleições que ocorrem em outubro deste ano no país. Por isso, é importante checar se a informação é correta, antes de compartilhar nas redes sociais, e na dúvida não passar adiante. Hoje vamos explicar uma das fake news mais antigas que existem: o boato afirmando que a maioria dos votos nulos, poderia anular as eleições.
Durante o seminário Diálogos Eleitorais, promovido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) e a Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e TV (Agert) em Porto Alegre, o diretor-geral do TRE-RS, Antonio Augusto Portinho da Cunha explicou que apenas os votos válidos são considerados para o resultado das eleições. Os votos válidos são resultado de todos os votos menos os nulos e brancos. Ou seja, se o pleito houver um voto apenas, em um exemplo extremo, aquele que recebeu o voto será eleito. O diretor-geral fez questão de ressaltar que essa notícia é falsa, lembrando que o mito até afirma que todos os candidatos seriam “impedidos” de participar de um novo pleito.
Como a mentira surgiu?
Essa fake news sobre os votos nulos surgiu por uma interpretação errada do artigo 224 do código eleitoral. O artigo diz: “Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 a 40 dias”. A nulidade citada foi mal interpretada: ela não fala sobre votos nulos. A nulidade em questão é sobre a anulação dos votos na justiça. Ou seja, quando um candidato recebe a maioria dos votos e tem esses votos anulados por qualquer irregularidade. Nesse caso, é convocada novas eleições. Um exemplo real disso está em Tocantins. O governador Marcelo Miranda (MDB) e sua vice tiveram seus mandatos cassados em março pelo TSE por caixa 2. No mês passado, Mauro Carlesse (PHS), venceu uma eleição suplementar e foi eleito governador de Tocantins até o fim do ano.